domingo, 5 de dezembro de 2010

A terceirização da felicidade


Você é feliz? Essa é uma pergunta difícil de ser respondida. Acho que poucos no mundo conseguem definir o que é felicidade. Apenas sentimos quando estamos felizes ou não. Sabendo ou não defini-la, o nosso maior erro é sem dúvida jogá-la nas costas dos outros, tornando-os responsáveis por nos fazer felizes, ou seja, terceirizando esse grande fardo que impreterivelmente, tem que ser nosso.

Eu levei muitos tombos até notar a importância de assumir a responsabilidade pelo meu fardo. Nesse meio tempo, eu sofri, chorei, tive raiva, desejei o mal para pessoas que antes eu dizia amar. Ao colocar toda a esperança de resolver meu problema no "sim" de uma outra pessoa e receber contra todas as expectativas, um "não", foi quando caí na real e percebi o tamanho da burrada que estava fazendo. A minha felicidade dependia daquela resposta e não mais de mim. Isso é válido para qualquer coisa na qual deixamos a nossa felicidade depender: dinheiro, status, companhia. A hora que aquele "fator de felicidade" não estiver presente ou não for possível, a alegria de viver simplesmente se vai.

É insano acharmos que outra pessoa pode carregar o fardo de nos fazer feliz. Ela já tem o fardo dela para carregar. Dinheiro trás felicidade? Com certeza não. Até ajuda, mas a presença de dinheiro não é garantia de felicidade, assim como a falta não garante a infelicidade. Isso é verdade, pois se não fosse, rico jamais entraria em depressão e todo pobre dependeria de um psiquiatra. Vendo dessa forma, qual é a constante que está sempre presente na equação da felicidade? Qual é o elemento que nunca falta? É VOCÊ.

Estar de bem consigo mesmo é o que vai garantir a felicidade perpétua. Estando bem, pode faltar dinheiro, pode faltar companhia, pode faltar o que for. A felicidade estará garantida. Não podemos jamais colocar a responsabilidade da nossa felicidade em fatores externos, pois o nosso controle sobre eles é nulo. Este é um trabalho duro que temos que realizar internamente. Uma limpeza que nem sempre é fácil. Mas faça e seja feliz.

Por favor, postem comentários. Digam o que pensam a respeito. Opiniões são sempre bem-vindas.

sábado, 6 de novembro de 2010

Os dois lados do medo

Quem nunca teve medo? Medo do escuro quando criança, medo de ser assaltado quando adolescente, medo de perder o emprego depois de adulto. Em todas as fases da vida, o medo está presente. Mas sentir medo é um privilégio de quem está vivo e devemos saber usa-lo à nosso favor. Afinal, há uma razão para que ele exista.

O medo sempre nos remete ao desconhecido. Não saber o que vem pela frente é amedrontador. E isso nos leva a outros sentimentos que na maioria das vezes não são agradáveis. Angústia, ansiedade, pânico são alguns exemplos. Mas o medo tem uma função fundamental em nossas vidas. É o medo que nos limita. Ter medo impõe limites e nos impede de fazer tudo que nos vem à mente. O medo é um freio. Tê-lo é importantíssimo e saber usá-lo em nosso favor é mais importante ainda. 

Apesar de o medo ser um limitador, ele não pode nos bloquear. Limitar é uma coisa. Impedir é outra e não podemos deixar o medo nos dominar. O medo, se bem utilizado, garante que não façamos bobagens, mas sem controlá-lo, ele paralisa. É uma energia poderosa. Deixamos a vida passar despercebida enquanto paralisados pelo medo. Perdemos oportunidades incríveis, deixamos de fazer coisas legais, abrimos mão de momentos, suportamos situações desagradáveis.

Como disse anteriormente, sentir medo é um privilégio dos vivos. Não há nada de errado em senti-lo. O problema é perder o controle. Perder a noção do que é real e do que é ilusório. Então, o negócio é viver com medo e enfrentá-lo para alçar vôos cada vez mais altos e aproveita-lo para não se arrebentar ao sair do chão.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A natureza, a energia da montanha, a harmonia.

No feriado de 7 de setembro eu decidi fazer algo inusitado. Algo que já fiz antes, mas a muitos anos atrás. Subir o Pico Paraná, ponto mais alto do sul do Brasil, beirando os 1900 metros. O convite partiu de uma amiga a um tempo atrás, mas só agora em setembro que resolvemos partir para a ação. Chamamos outros amigos, fizemos compras, planejamos o passeio e fomos. Foi a melhor experiência de que tenho recordação.


Em primeiro lugar, o contato com a natureza puro e simples já compensaria o passeio. Mas a energia que sentimos pelo caminho e lá no alto não há em nenhum outro lugar. A harmonia que o lugar proporciona é fantástica. Pelo caminho encontramos vários outros montanhistas. Todos se olham nos olhos, todos te cumprimentam, todos lhe desejam uma boa subida. Não há estranhos. Apenas pessoas que você ainda não conheceu. Todos com o mesmo propósito: curtir aquele ambiente que não encontramos na nossa vida diária.


No começo da trilha, temos a impressão de que não seremos capazes. É a nossa mente tentando nos sabotar. O corpo chega ao extremo da capacidade cardiovascular. A gente sente o coração pulsando forte atrás da orelha. Parece que vai explodir. As pernas imploram para descansar. Mas é só a mente te limitando, querendo manter o controle. Logo depois ela percebe que não vai ter jeito e desiste. A sensação é que ela está desligada. Você só sente o seu corpo. Cada milímetro de músculo, cada gota de suor, cada grama da mochila nas costas. É você e seu corpo, juntos naquela aventura.


Acho que a montanha tem um poder filtrante. Tudo que é ruim fica lá para ser purificado. Pelo menos, eu voltei renovado. Voltei com a sensação de fluência em minha vida novamente. Meu quarto, a anos bagunçado, agora está em processo de faxina. Voltei com uma vontade imensa de vê-lo arrumado, organizado. Algumas mágoas foram desfeitas, algumas insatisfações desapareceram. Sinto as coisas caminhando, indo para frente.


Apesar do clima não ter colaborado, fomos agraciados com 15 minutinhos de céu estrelado. Só aqueles minutos valeram o esforço. Agora já estou pensando na próxima ida ao pico para sentir a energia novamente. Beber água da montanha, dormir no chão, tomar chá no frio da noite, ver o céu no coração da Serra do Mar. Tomara que o tempo em outubro esteja bom. Se 15 minutos de céu estrelado já foram recompensadores, imaginem a dádiva que é passar três dias sob a pureza e energia da montanha com tempo bom.

sábado, 21 de agosto de 2010

A essência do "mais vale dar do que receber"

O ditado "mais vale dar do que receber" assim como o "é dando que se recebe" nunca fizeram muito sentido para mim. A idéia de dar e certamente receber não parecia verdadeira. Talvez pelo nosso imediatismo. Talvez por não perceber que o problema do ditado é semântico. Os verbos dar e receber remetem a uma idéia de presente, atualidade. Creio que o correto seria "dê e receberá", o que nos leva a crer que dando agora, receberemos no futuro.

Mas deixando o português de lado, a questão talvez tenha me causado dúvida por tantos anos por focar nos elementos errados. Dar e receber parece muito relacionado ao material, ao palpável. Percebi esses dias que na verdade, dar e receber trata-se de intenções e expectativas e não de bens. Gosto de ser gentil com as pessoas. Ao cruzar com alguém na rua, geralmente olho nos olhos da pessoa e dou um bom dia ou pelo menos balanço a cabeça em forma de cumprimento. Geralmente as pessoas respondem. São raros os casos em que a pessoa não diz nada e até hoje não aconteceu de alguém responder algo do tipo "o que esse dia tem de bom?". Me faz feliz dar bom dia para as pessoas. Eu fico feliz de ter essa atitude que poucos curitibanos tem. Dá satisfação, me traz alegria ser gentil. Eu notei que mesmo quando as pessoas não respondem eu me sinto feliz. Dar passagem a algum carro que precisa cruzar seu caminho ou a um pedestre que parou no meio da rua esperando a outra pista ficar livre para ele atravessar é bom mesmo quando o carro ou pedestre não percebem que você deu passagem. Nesses casos eu vou embora com a mesma sensação boa que sentiria se eles tivessem atravessado.

A minha intenção era dar bom dia ou dar passagem ao pedestre. A minha maior expectativa com isso era...... dar bom dia ou dar passagem ao pedestre. Por isso eu fico satisfeito. Eu consigo o que eu quero. Eu atinjo meu objetivo. Eu não esperava ouvir um bom dia do outro. Eu não esperava que o pedestre atravessasse. Eu queria ser gentil. E eu fui. Da mesma forma que a gentileza tem esse efeito, doar bens materiais também é assim. As vezes um mendigo pede comida e por coincidência você está comendo algo. E você dá alimento à ele. Se você espera um obrigado e que vá receber algo em troca, a frustração é muito mais provável. Mas se apenas dar o sanduíche ao pobre coitado lhe fizer feliz, você deu e recebeu. Deu um sanduíche e recebeu a satisfação de fazer o bem.

Então, se você está pensando em doar algum dinheiro para o Criança Esperança achando que vai receber fortuna e abundância no futuro, esqueça. Dar um bom dia a alguém esperando um bom dia em retribuição é o caminho mais rápido para a frustração. As pessoas são diferentes, instáveis. Colocar a responsabilidade pela nossa felicidade nas costas dos outros é um erro grotesco assim como assumir a responsabilidade pela felicidade dos outros. Doar sem esperar nada em retorno é bom, pois, qualquer coisa que você receber depois será lucro.

domingo, 15 de agosto de 2010

Sempre na hora que deve ser

Insistimos em querer as coisas que queremos na hora em que queremos. Ficar apegados aos resultados. Presos ao que supomos ser o melhor no momento. Queremos ter controle sobre nossa vida. Eu gosto muito de andar de moto e muitos para quem falei sobre isso responderam de imediato: "ai, eu morro de medo de moto". Claro que pelas estatísticas, sabemos que há um risco em andar de moto. Mas mesmo assim, não tenho medo porque a hora que for para ser, será de um jeito ou de outro. Para exemplificar meu ponto de vista, observem a foto a seguir:
Ok, parece um acidente de transito normal. O carro saiu da estrada onde vemos pessoas ao lado do guardrail. Ele deu "piruetas" e parou virado para o lado oposto ao qual vinha. O que podemos dizer é que o máximo que o motorista controlava era seu veículo. Mas porque ele foi se acidentar bem ali. Também não se sabe a razão de ele estar dirigindo à exata velocidade que permitiu ele parar do jeito que parou. Ele podia ser imprudente e estar muito rápido ou estar devagar e distraido. Detalhes que fogem à nossa compreensão. Para ficar mais claro o que aconteceu, vejam a próxima imagem. 
É um esquema grotesco, mas imagino que o carro desceu o barranquinho, bateu a frente no concreto, a traseira foi lançada para cima, dando uma volta no ar e finalmente parou naquele espaço minúsculo onde o vemos. 
Novamente, ele podia controlar a velocidade do carro, mas não as conseqüências do que viria a seguir. Se ele estivesse a uma velocidade diferente, poderia ter acertado de frente com o muro do esgoto que vemos e ter moído a cara na parede. Não, ele estava na exata velocidade que deveria estar para que a física colocasse o carro onde colocou. 

Eu disse tudo isso até agora para finalmente concluir que por mais que tentemos, não podemos controlar quase nada que nos acontece. Temos controle sobre pequenas coisas como a hora de comer e até observar se o prazo de validade do alimento está em dia, mas a maionese que parecia em perfeitas condições acabou dando uma intoxicação. Como saber? Acho que a última imagem diz tudo que eu queria transmitir.
Damos muitos nomes para o que aconteceu. Deus, Alá, milagre, destino, acaso, sorte, Universo, força maior. Não sabemos exatamente o que é, mas uma certeza podemos ter: não foi HUMANO.

sábado, 14 de agosto de 2010

Você é livre?

Se você perguntar a alguém se ela é uma pessoa livre, a resposta pode ser algo assim: "claro que sou. Eu moro sozinho, tenho um bom emprego, tenho meu carro, posso ir aonde eu quiser, não devo satisfação à ninguém. Sim, eu sou livre." Será? Tem certeza? Se considerarmos que a liberdade NECESSARIAMENTE tem que ser interna, a resposta pode não ser tão clara assim.

Conforme crescemos e a vida vai nos levando aos caminhos naturais como o ensino fundamental, o ensino médio, faculdade, o primeiro emprego e assim por diante, cada vez mais temos a impressão de que somos livres. Ao auferir renda, a sensação de liberdade parece plena, afinal, agora o dinheiro é seu e você não tem mais que pedir à ninguém um trocado para comprar o que deseja. Mas ainda assim, alguma coisa sempre acaba nos restringindo. Algo intrínseco, algo interno e profundo, difícil de descobrir e extremamente sutil de se notar. Joãozinho queria muito comprar um jogo de rodas para seu carro, pois ele adorava o carro e queria deixa-lo mais bonito. Ele trabalhava em multinacional e com um salário muito bom, tinha dinheiro para tal aquisição. E sem perguntar a ninguém, comprou as rodas que tanto queria. Mas apesar de te-las, não conseguia se livrar de uma sensação de culpa, uma coisa que não se sabe de onde vinha, mas tinha a ver com a aprovação dos pais. Eles nunca haviam dito que ele não podia comprar as rodas ou que ficariam muito chateados se ele o fizesse, mas mesmo assim aquela sensação estava ali, espreitando a ilusória liberdade de Joãozinho.

A liberdade não consiste em fazer o que queremos, mas sim, fazer aquilo que nos faz bem desde que não prejudique ninguém. As vezes queremos algo que não necessariamente nos fará bem. Por exemplo, ligar para o ex e acabar deprimida, comprar algo supérfluo e ficar com o sentimento de culpa, como no caso de Joãozinho. A liberdade encontra-se em fazer aquilo que temos vontade, sem prejudicar ninguém e sem entrar em conflito com isso. É respeitar a nossa individualidade (não individualismo), exigir que os outros a respeitem e respeitar a individualidade alheia. É saber que temos direito de sermos tratados como indivíduo único com vontades próprias e ter plena consciência que os outros também tem.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A metade do copo


Diz o ditado que o otimista vê que o copo está metade cheio e o pessimista, metade vazio. Na realidade, o copo estar metade cheio ou metade vazio não é questão de otimismo ou de pessimismo, de ser positivo ou negativo. É mais uma questão de ponto de vista. Já ouviram falar em Pollyana?

Pollyana é um livro escrito por  Eleanor H. Porter que conta a história de Pollyana, uma menina que consegue ver o lado bom de tudo. Melhor que isso. Ela consegue tirar alegria das piores situações que a vida lhe apresenta. A questão não é que ela vê se o copo está metade cheio ou metade vazio. Ela vê que está pela metade e partir daí, ela encontra o que há de bom nisso e fica feliz. Somos acostumados a reclamar, questionar os propósitos divinos, nos vitimar, acreditar que coisas ruins só acontecem conosco. Coisas ruins acontecem com todo mundo. A dimensão que cada um dá é que as difere. Não está em nossas mãos questionar o porquê. Apenas aceitar que estávamos exatamente onde deveríamos estar. Quem nunca ouviu a história da pessoa que dormiu demais, chegou atrasada no aeroporto, perdeu o vôo e o avião caiu. Praticamente, todo acidente aéreo tem uma história dessas. 

As coisas ruins acontecem e são inevitáveis. Se você estiver atrasado para o trabalho e o seu carro não pegar, não adianta quebrar o carro, a porta da garagem, brigar com a mãe, com o marido ou com o cachorro. Apenas aceite que a situação é aquela e pense que não é à toa. Um acidente pode ter sido evitado. Seu chefe poderia estar no ápice da raiva e te demitiria se você estivesse presente na reunião que você perdeu. Sei lá. As possibilidades são infinitas. Um dia, na véspera de natal eu sai com alguns amigos. Deixei o carro perto de um bar que eu costumava freqüentar e conhecia o pessoal da segurança de lá. Só que naquele dia, eu fui a outro bar que ficava ali perto. Ao voltar, ouvi meus amigos falando que o carro prata ainda estava lá. Perguntei o que havia acontecido com o tal carro e minha amiga disse: "ah, o de sempre. Estouraram o vidro e roubaram o som." Eu pensei: ok, legal e perguntei qual era o carro. Eles apontaram para o MEU carro. Eles ficaram indignados com a minha calma, mas o que eu poderia fazer? O som já havia sido roubado mesmo. A janela já estava quebrada. Alguém sugeriu que eu estacionasse o carro mais perto onde eles pudessem ficar de olho. E foi o que eu fiz. Foi a coisa mais sensata a se fazer. Não adiantaria eu me estressar com aquilo. 

A vida é dinâmica e está sempre nos apresentando situações, sejam elas boas ou ruins. Felizes aqueles que conseguem ver algo ruim e tirar algum proveito. O pessimista diria: que droga, meu copo está metade vazio. O otimista diria: que ótimo, meu copo esta metade cheio. Pollyana diria: que bom, meu copo não está cheio mas também não está vazio. Isso me deixa muito feliz, afinal, posso matar a minha sede, mesmo que apenas parcialmente.

domingo, 30 de maio de 2010

As facas e os queijos na nossa vida


No filme À procura da felicidade, o filho do personagem principal uma hora conta uma piada que é mais ou menos assim: a cidade estava alagada. Um homem de muita fé estava tranqüilo pois tinha certeza que Deus o salvaria. E veio um barco e lhe ofereceu ajuda. O homem muito confiante disse que não precisava pois Deus não o abandonaria. Logo depois, um helicóptero do corpo de bombeiros passou ali e ofereceu ajuda ao homem que deu a mesma resposta muito certo de sua fé. Por fim, a água atingiu o homem que morreu afogado. Chegando ao céu, ele foi reclamar com Deus: poxa, sempre tive tanta fé. Porque não me salvou. E Deus respondeu: eu lhe enviei barcos, helicópteros e você recusou toda a ajuda que lhe mandei.

Como eu disse no meu post anterior, é comum reclamarmos quando as coisas estão ruins sem notar que temos tudo à mão para tornarmos a situação favorável. Se dermos farinha, leite, ovos e fermento para algumas pessoas, haverá gente que fará uma deliciosa panqueca. Outros farão um bolo ou pão. E alguns vão reclamar que estão com fome e tudo o que tem é aquele monte de coisas inúteis. Não há ninguém no mundo que seja um amontoado somente de defeitos ou somente de qualidades. Todos possuímos ambos e sempre há algo em que somos bons. O que muda é quem tem atitude e quem não tem. Não adianta reclamar que as coisas não acontecem na nossa vida. Não basta ter lenha e fósforos. É preciso riscá-lo e acender a fogueira. Quantas vezes já não nos deparamos com situações simples como enviar um currículo, iniciar um curso, tentar algo novo, escrever um blog. Seja lá o que for, o mais importante de tudo é começar. Este blog nasceu assim. E tantas outras vezes em que pensei se enviava ou não enviava um currículo para determinada oportunidade de emprego. Esses dias mesmo eu enviei um currículo e a resposta foi que eu não tinha experiência na área. Ó meu deus. E agora? Agora nada. Agora as coisas vão simplesmente continuar como estavam. Mas o importante foi que eu tentei.

Qualquer jornada tenha ela dois quilômetros ou dois mil sempre se inicia com o primeiro passo. Se você andará um, cem ou mil quilômetros, você só saberá depois de andá-los. Se desistir antes de começar, a única certeza é de que você permanecerá exatamente no lugar onde está e não andará nada.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Errar é humano. Culpar os outros é mais humano ainda.


Sim, fui eu. A culpa é minha. Raríssimas vezes temos oportunidade de ouvir algo assim. Ver alguém estufar o peito, erguer o queixo e assumir a culpa por um erro é como encontrar um trevo de quatro folhas. Quando a situação é boa, temos mais facilidade em assumir a responsabilidade embora nem sempre isso aconteça, mas quando a situação está ruim é muito comum culparmos alguém ou alguma coisa.

Meu chefe não me deu oportunidades, meu namorado não me ouve, meus pais não me dão folga, meu cachorro baba demais. É sempre assim. Estamos sempre arranjando alguém a quem culpar por nossos problemas e acabamos caindo em um redemoinho que nos levará cada vez mais para baixo. A pouco tempo atrás, a garota que eu mais amava na vida resolveu encerrar nossa relação. Isso aconteceu em uma sexta-feira. Sábado, domingo, segunda e terça foram os dias mais lamentáveis da minha existência. Uma tristeza lancinante me corroia. Não sentia fome ou vontade de fazer coisa alguma. Até que na terça, uma amiga ofereceu seu ombro para as minhas lágrimas. Algumas horas de conversa renderam fantásticas conclusões. Uma delas foi exatamente a de assumir a responsabilidade pela minha situação e parar de culpar a ex.

Até aquele momento, eu me perguntava "mas porque ela não gosta mais de mim?". E por não achar nenhuma resposta plausível, aquilo me dilacerava a cada minuto. Então, de repente, a pergunta mudou. Passou a ser: "mas porque EU ainda gosto dela?". Foi mágico. No dia seguinte eu estava bem. Não sofria mais e a cada semana que passava, eu percebia mais e mais coisas que só me ajudavam a sair daquele estado deplorável em que eu me encontrava. E tudo isso porque eu consegui parar de culpa-la por eu estar triste. Assim que passei a ser responsável pela minha situação, eu melhorei. Culpar os outros é muito mais fácil, mas suga as nossas energias sem notarmos. Quando vemos, estamos no limite da bateria sem grandes chances de recuperação.

Sempre que a coisa não estiver boa, pare, pense e analise o que VOCÊ fez que lhe colocou na situação em que você se encontra. O seu chefe não lhe dava oportunidades mas foi você quem pediu para sair e hoje está desempregado. O seu namorado te largou, mas foi você quem foi insuportavelmente ciumenta. Quando encontramos o problema, fica fácil procurar uma solução. Se focarmos no problema errado, encontraremos a solução errada e as coisas serão como sempre foram.


domingo, 16 de maio de 2010

Prazer em trabalhar?


Prazer e trabalho até então pareciam coisas antagônicas, como o Super-homem e a criptonita, o Cascão e a água. Até ontem à noite. Chamei alguns amigos aqui em casa para um jantar japonês, tipo open bar, com direito a saquerinha de morango, kiwi, manga, cerveja à vontade e claro, sushis e sashimis.

Tudo começou semana passada quando eu disse a um amigo que adora comida japonesa que eu sabia fazer e era para a gente marcar um dia para reunir os amigos para um jantarzinho descontraído, para jogar conversa fora e apreciar as delícias nipônicas que eu aprendi a preparar. O trabalho já começou no começo da semana, convidando as pessoas. E diga-se de passagem, acho essa a parte mais estressante de todo o processo. Você chama a pessoa, ela diz que vai ver e te confirma depois e pronto, está feita a cagada. Você não sabe se ela virá ou não e não pode chamar outra pessoa até que ela confirme, pois, sushi não é como churrasco que é só trazer um monte de lingüiça e cerveja e tudo dará certo. É preciso saber quantas pessoas vem, calcular quanto sushi fazer etc. Só consegui confirmar o último casal de convidados no dia, já de tarde, antes de sair para comprar alguns ingredientes. É outra parte do trabalho. Sai de tardezinha, lá por duas horas da tarde. Cheguei em casa às cinco e nos próximos quarenta minutos, tentei ajeitar ao máximo as coisas porque ia jogar futebol (que é sagrado aos sábados à tarde) e teria que voltar correndo para preparar tudo para dez pessoas.

Comecei os trabalhos às oito horas. A gente só foi jantar depois da meia noite. Foram mais de quatro horas em pé cozinhando arroz, cortando algas, fatiando peixe, cortando frutas, legumes e tudo mais que o cardápio exigia. Horas de terapia intensiva relaxante e ao mesmo tempo estressante. Estressante porque é cansativo. Depois de enrolar um monte de sushis você para e conta quantos faltam e constata que não chegou nem na metade. E continua fazendo e atendendo aos convidados, certificando-se de que todos estão satisfeitos. Mas o resultado é impagável. As quatro horas de trabalho árduo resultaram em uma refeição de dez minutos. O pessoal devorou tudo o que tinha. Todos adoram. Após todo aquele esforço, a realização. A gratificação pela energia depositada naquela empreitada.

Por muitos anos eu me perguntei se era possível aliar o trabalho com o lazer e até então eu duvidava se um dia descobriria como fazer. Não que eu tenha descoberto mas com certeza encontrei uma pista importante nesta busca e uma evidência de que isto pode realmente ser possível. Enquanto eu não chego a uma conclusão, vou chamando os amigos para um sushi.


terça-feira, 11 de maio de 2010

Preocupação: pré + ocupação, ocupar-se antes do tempo. Para que?


Por que a gente se preocupa com certas coisas? Não há sentido nisso. Sexta-feira eu tinha um convite para ir a um bar que ia tocar cover de Beatles. Eu nunca tinha ido lá e conhecia poucas pessoas que iam. Pessoas com que eu não tenho tanto contato. Estava morrendo de medo de chegar lá e ficar isolado, não gostar da banda, não gostar do bar, etc. Convidei todo mundo mais que eu pude mas ninguém se dispôs a sair naquela maldita sexta chuvosa e fria. Mas ficar em casa não era nem de perto o que eu realmente queria para aquela noite. Enfim, relutante, eu fui.

Chegando lá, o bar era um pouco diferente do que eu esperava para curtir o cover dos Garotos de Liverpool, pois o bar não tinha pista, só mesas. Meu amigo que me convidara estava em uma ponta da mesa e as outras duas pessoas que eu conhecia estavam do outro. Foi onde eu consegui me acomodar. Ainda estava meio receoso, mas fui entrando no clima, tomando uma cerveja e outra, jogando conversa fora com as pessoas da mesa. O som ia ficando cada vez mais animado à medida que a noite ia passando e quando eu percebi, estava adorando estar ali e não ter ficado em casa para assistir a um filme sozinho na sexta à noite. Passava uma propaganda do Halls a um tempo atrás em que um rapaz estava na balada e via uma garota do outro lado. Ele se dirigia à ela e falava um simples "oi". A guria pirava, gritava Ahhhh! Tarado, pegava uma arma de choque, eletrocutava o coitado. De repente, o garotão voltava à realidade, via que era tudo imaginação dele e arriscava. Se dirigia até a menina e falava o mesmo "oi" que era respondido com um "oi gatinho".

As vezes, a gente viaja muito longe tentando imaginar o que pode acontecer e não percebe que o pior que pode acontecer não é nem um pouco preocupante. Na sexta, eu decidi ir ao bar quando percebi que as chances de a minha noite ser horrível em casa eram muito maiores do que se eu fosse ao bar. Se eu chegasse lá e estivesse uma droga, eu simplesmente voltava pra casa e assistiria ao filme que assistiria se tivesse ficado. E eu tinha a chance de conhecer gente nova, curtir um bom som e tomar umas geladas. Foi o que aconteceu. Foi a melhor noite da semana. Quando você se encontrar em uma encruzilhada semelhante ou mesmo muito pior, simplesmente vá. Raramente as conseqüências serão piores do que não fazer nada. Como diz o ditado: "quem tenta pode até errar. Quem não tenta, já errou".

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Curta as coisas simples



Ontem o dia estava perfeito em Curitiba. Sol brilhando forte com o ar levemente frio. Típico do outono. Nada melhor do que uma volta de moto pela cidade, ir a um parque e curtir os raios solares esquentando a pele. A companhia de pessoas queridas para tornar o passeio perfeito.



Lembrando do dia de ontem, lembrei também de um filme a que assisti e achei bem bacana: Zumbilândia. Em um mundo pós-apocalíptico onde um vírus transformou as pessoas em zumbis, um personagem cheio de manias, receios e fobias possui uma lista de regras que ele segue à risca. Uma delas é fantástica e todos deveríamos seguir: Regra nº 32: curta as coisas simples (rule #32: enjoy the little things). O ventinho no rosto andando de moto em um dia ensolarado a 50 km/h é impagável. A companhia de amigos, conhecer pessoas novas, sentir a cerveja gelada descendo pela garganta, ver um filme de madrugada são coisas que dinheiro algum pode pagar. E eu não estou falando de tomar a cerveja. Isso tem um preço. Para mim, a cerveja custou R$ 4,50. Mas a sensação daquele gole naquele momento compensou cada centavo.

Desde que aprendi a curtir as coisas simples, o prazer de faze-las tornou-se imensamente grande. Não é preciso muito esforço para realiza-las e os momentos proporcionados costumam ser recompensadores. Há duas maneiras de ser rico. Uma é ter muito. A outra é se satisfazer com pouco. No passado eu já quis ter muito. Hoje em dia sou muito mais feliz.

sábado, 1 de maio de 2010

Sábado à tarde e muito tédio?


Sábado é dia de acordar tarde. Ou melhor, de tarde. Acordei às 15 para as 2 da tarde. Minha família toda saiu e eu fiquei sozinho em casa. Apesar de o dia estar ensolarado, nada animava. Não tinha vontade de fazer absolutamente nada. E isso estava me deixando maluco. Até que veio a idéia.

Sabe quando do nada vem aquela vontade simplesmente do nada de comer algo muito específico? Hoje foi a vez da panqueca (de novo). Vi na prática a arte da reciclagem. Na geladeira, um monte de "já te vi", aquelas coisas que você pensa que não tem mais salvação. Aquele toco de calabresa, o pedaço de cebola que sobrou, o queijo que todo mundo desprezou. Ovo e farinha, leite, mistura tudo e voilá. Temos um almoço às 4 da tarde.

Nada disso importa. O grande mérito da questão é que antes de começar, eu achei que o sábado seria mais chato corrida de tartaruga manca. O grande prazer não estava em comer, mas em fazer. Usei uma hora e meia que eu nem vi passar cortando ingredientes, cozinhando o molho, fritando as panquecas. Eu estava ansioso aguardando às 6 que é a hora do meu Sagrado Futebol do Sábado à Tarde pensando que morreria de tédio até lá.

As vezes a gente fica tão limitado às coisas que queremos que não prestamos atenção às oportunidades que o inusitado nos oferece. O que eu esperava para hoje era uma companhia feminina para passear de moto na cidade já que o sol estava brilhando forte e o dia prometia. Foi só eu me desapegar daquele resultado esperado que de repente, as coisas estavam acontecendo de forma completamente inesperada e o melhor: eu estava tão feliz quanto. Por isso, as vezes, tudo o que precisamos é parar de olhar pela janela, abrir a porta e ver as coisas de forma mais ampla. Ver o que o mundo tem a nos oferecer. E para agora, o mundo está me chamando para uma voltinha de moto pois o sol continua a brilhar e qualquer coisa a mais será lucro. Até mesmo aquela companhia feminina.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O prazer de cozinhar após tantos anos


É estranho pensar que até alguns meses atrás eu não suportava nem esperar a água do miojo ferver. Apesar de saber cozinhar algumas coisas básicas como arroz, fritar um bife ou um ovo e até ter algum interesse em culinária, não me imaginava elaborando pratos mais sofisticados. E tal interesse surgiu repentinamente após 26 anos de vida.

Tudo começou com a idéia de fazer sushis e sashimis. Desde pequeno freqüento restaurantes japoneses, inclusive, é o meu tipo de comida preferida. E desde sempre, a cozinha japonesa não é das mais em conta. Então veio a brilhante idéia: não deve ser tão difícil, certo? E fui atrás de vídeos e receitas no google e no youtube. Minhas primeiras tentativas deram quase certo, exceto pelo fato de que meus sushis não eram os mais lindos, mas ainda assim, ficaram muito gostosos. Após as primeiras tentativas, fui atrás de um curso, para aprender alguns macetes e técnicas. Tentar aperfeiçoar o preparo de tais iguarias. Com os sushis veio também a vontade de preparar massas, risotos, carnes e molhos; desses que a gente pede em restaurantes e paga R$ 40,00 por um pedaço de carne e um pouco de uma massa com um molho com nome pomposo, mas ingredientes extremamente simples.

Até agora, obtive sucesso em minhas tentativas de delícia. Alguns amigos provaram e aprovaram. Vamos ver o que o meu futuro gastronômico me reserva.