domingo, 16 de maio de 2010

Prazer em trabalhar?


Prazer e trabalho até então pareciam coisas antagônicas, como o Super-homem e a criptonita, o Cascão e a água. Até ontem à noite. Chamei alguns amigos aqui em casa para um jantar japonês, tipo open bar, com direito a saquerinha de morango, kiwi, manga, cerveja à vontade e claro, sushis e sashimis.

Tudo começou semana passada quando eu disse a um amigo que adora comida japonesa que eu sabia fazer e era para a gente marcar um dia para reunir os amigos para um jantarzinho descontraído, para jogar conversa fora e apreciar as delícias nipônicas que eu aprendi a preparar. O trabalho já começou no começo da semana, convidando as pessoas. E diga-se de passagem, acho essa a parte mais estressante de todo o processo. Você chama a pessoa, ela diz que vai ver e te confirma depois e pronto, está feita a cagada. Você não sabe se ela virá ou não e não pode chamar outra pessoa até que ela confirme, pois, sushi não é como churrasco que é só trazer um monte de lingüiça e cerveja e tudo dará certo. É preciso saber quantas pessoas vem, calcular quanto sushi fazer etc. Só consegui confirmar o último casal de convidados no dia, já de tarde, antes de sair para comprar alguns ingredientes. É outra parte do trabalho. Sai de tardezinha, lá por duas horas da tarde. Cheguei em casa às cinco e nos próximos quarenta minutos, tentei ajeitar ao máximo as coisas porque ia jogar futebol (que é sagrado aos sábados à tarde) e teria que voltar correndo para preparar tudo para dez pessoas.

Comecei os trabalhos às oito horas. A gente só foi jantar depois da meia noite. Foram mais de quatro horas em pé cozinhando arroz, cortando algas, fatiando peixe, cortando frutas, legumes e tudo mais que o cardápio exigia. Horas de terapia intensiva relaxante e ao mesmo tempo estressante. Estressante porque é cansativo. Depois de enrolar um monte de sushis você para e conta quantos faltam e constata que não chegou nem na metade. E continua fazendo e atendendo aos convidados, certificando-se de que todos estão satisfeitos. Mas o resultado é impagável. As quatro horas de trabalho árduo resultaram em uma refeição de dez minutos. O pessoal devorou tudo o que tinha. Todos adoram. Após todo aquele esforço, a realização. A gratificação pela energia depositada naquela empreitada.

Por muitos anos eu me perguntei se era possível aliar o trabalho com o lazer e até então eu duvidava se um dia descobriria como fazer. Não que eu tenha descoberto mas com certeza encontrei uma pista importante nesta busca e uma evidência de que isto pode realmente ser possível. Enquanto eu não chego a uma conclusão, vou chamando os amigos para um sushi.


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