domingo, 5 de dezembro de 2010

A terceirização da felicidade


Você é feliz? Essa é uma pergunta difícil de ser respondida. Acho que poucos no mundo conseguem definir o que é felicidade. Apenas sentimos quando estamos felizes ou não. Sabendo ou não defini-la, o nosso maior erro é sem dúvida jogá-la nas costas dos outros, tornando-os responsáveis por nos fazer felizes, ou seja, terceirizando esse grande fardo que impreterivelmente, tem que ser nosso.

Eu levei muitos tombos até notar a importância de assumir a responsabilidade pelo meu fardo. Nesse meio tempo, eu sofri, chorei, tive raiva, desejei o mal para pessoas que antes eu dizia amar. Ao colocar toda a esperança de resolver meu problema no "sim" de uma outra pessoa e receber contra todas as expectativas, um "não", foi quando caí na real e percebi o tamanho da burrada que estava fazendo. A minha felicidade dependia daquela resposta e não mais de mim. Isso é válido para qualquer coisa na qual deixamos a nossa felicidade depender: dinheiro, status, companhia. A hora que aquele "fator de felicidade" não estiver presente ou não for possível, a alegria de viver simplesmente se vai.

É insano acharmos que outra pessoa pode carregar o fardo de nos fazer feliz. Ela já tem o fardo dela para carregar. Dinheiro trás felicidade? Com certeza não. Até ajuda, mas a presença de dinheiro não é garantia de felicidade, assim como a falta não garante a infelicidade. Isso é verdade, pois se não fosse, rico jamais entraria em depressão e todo pobre dependeria de um psiquiatra. Vendo dessa forma, qual é a constante que está sempre presente na equação da felicidade? Qual é o elemento que nunca falta? É VOCÊ.

Estar de bem consigo mesmo é o que vai garantir a felicidade perpétua. Estando bem, pode faltar dinheiro, pode faltar companhia, pode faltar o que for. A felicidade estará garantida. Não podemos jamais colocar a responsabilidade da nossa felicidade em fatores externos, pois o nosso controle sobre eles é nulo. Este é um trabalho duro que temos que realizar internamente. Uma limpeza que nem sempre é fácil. Mas faça e seja feliz.

Por favor, postem comentários. Digam o que pensam a respeito. Opiniões são sempre bem-vindas.

sábado, 6 de novembro de 2010

Os dois lados do medo

Quem nunca teve medo? Medo do escuro quando criança, medo de ser assaltado quando adolescente, medo de perder o emprego depois de adulto. Em todas as fases da vida, o medo está presente. Mas sentir medo é um privilégio de quem está vivo e devemos saber usa-lo à nosso favor. Afinal, há uma razão para que ele exista.

O medo sempre nos remete ao desconhecido. Não saber o que vem pela frente é amedrontador. E isso nos leva a outros sentimentos que na maioria das vezes não são agradáveis. Angústia, ansiedade, pânico são alguns exemplos. Mas o medo tem uma função fundamental em nossas vidas. É o medo que nos limita. Ter medo impõe limites e nos impede de fazer tudo que nos vem à mente. O medo é um freio. Tê-lo é importantíssimo e saber usá-lo em nosso favor é mais importante ainda. 

Apesar de o medo ser um limitador, ele não pode nos bloquear. Limitar é uma coisa. Impedir é outra e não podemos deixar o medo nos dominar. O medo, se bem utilizado, garante que não façamos bobagens, mas sem controlá-lo, ele paralisa. É uma energia poderosa. Deixamos a vida passar despercebida enquanto paralisados pelo medo. Perdemos oportunidades incríveis, deixamos de fazer coisas legais, abrimos mão de momentos, suportamos situações desagradáveis.

Como disse anteriormente, sentir medo é um privilégio dos vivos. Não há nada de errado em senti-lo. O problema é perder o controle. Perder a noção do que é real e do que é ilusório. Então, o negócio é viver com medo e enfrentá-lo para alçar vôos cada vez mais altos e aproveita-lo para não se arrebentar ao sair do chão.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A natureza, a energia da montanha, a harmonia.

No feriado de 7 de setembro eu decidi fazer algo inusitado. Algo que já fiz antes, mas a muitos anos atrás. Subir o Pico Paraná, ponto mais alto do sul do Brasil, beirando os 1900 metros. O convite partiu de uma amiga a um tempo atrás, mas só agora em setembro que resolvemos partir para a ação. Chamamos outros amigos, fizemos compras, planejamos o passeio e fomos. Foi a melhor experiência de que tenho recordação.


Em primeiro lugar, o contato com a natureza puro e simples já compensaria o passeio. Mas a energia que sentimos pelo caminho e lá no alto não há em nenhum outro lugar. A harmonia que o lugar proporciona é fantástica. Pelo caminho encontramos vários outros montanhistas. Todos se olham nos olhos, todos te cumprimentam, todos lhe desejam uma boa subida. Não há estranhos. Apenas pessoas que você ainda não conheceu. Todos com o mesmo propósito: curtir aquele ambiente que não encontramos na nossa vida diária.


No começo da trilha, temos a impressão de que não seremos capazes. É a nossa mente tentando nos sabotar. O corpo chega ao extremo da capacidade cardiovascular. A gente sente o coração pulsando forte atrás da orelha. Parece que vai explodir. As pernas imploram para descansar. Mas é só a mente te limitando, querendo manter o controle. Logo depois ela percebe que não vai ter jeito e desiste. A sensação é que ela está desligada. Você só sente o seu corpo. Cada milímetro de músculo, cada gota de suor, cada grama da mochila nas costas. É você e seu corpo, juntos naquela aventura.


Acho que a montanha tem um poder filtrante. Tudo que é ruim fica lá para ser purificado. Pelo menos, eu voltei renovado. Voltei com a sensação de fluência em minha vida novamente. Meu quarto, a anos bagunçado, agora está em processo de faxina. Voltei com uma vontade imensa de vê-lo arrumado, organizado. Algumas mágoas foram desfeitas, algumas insatisfações desapareceram. Sinto as coisas caminhando, indo para frente.


Apesar do clima não ter colaborado, fomos agraciados com 15 minutinhos de céu estrelado. Só aqueles minutos valeram o esforço. Agora já estou pensando na próxima ida ao pico para sentir a energia novamente. Beber água da montanha, dormir no chão, tomar chá no frio da noite, ver o céu no coração da Serra do Mar. Tomara que o tempo em outubro esteja bom. Se 15 minutos de céu estrelado já foram recompensadores, imaginem a dádiva que é passar três dias sob a pureza e energia da montanha com tempo bom.

sábado, 21 de agosto de 2010

A essência do "mais vale dar do que receber"

O ditado "mais vale dar do que receber" assim como o "é dando que se recebe" nunca fizeram muito sentido para mim. A idéia de dar e certamente receber não parecia verdadeira. Talvez pelo nosso imediatismo. Talvez por não perceber que o problema do ditado é semântico. Os verbos dar e receber remetem a uma idéia de presente, atualidade. Creio que o correto seria "dê e receberá", o que nos leva a crer que dando agora, receberemos no futuro.

Mas deixando o português de lado, a questão talvez tenha me causado dúvida por tantos anos por focar nos elementos errados. Dar e receber parece muito relacionado ao material, ao palpável. Percebi esses dias que na verdade, dar e receber trata-se de intenções e expectativas e não de bens. Gosto de ser gentil com as pessoas. Ao cruzar com alguém na rua, geralmente olho nos olhos da pessoa e dou um bom dia ou pelo menos balanço a cabeça em forma de cumprimento. Geralmente as pessoas respondem. São raros os casos em que a pessoa não diz nada e até hoje não aconteceu de alguém responder algo do tipo "o que esse dia tem de bom?". Me faz feliz dar bom dia para as pessoas. Eu fico feliz de ter essa atitude que poucos curitibanos tem. Dá satisfação, me traz alegria ser gentil. Eu notei que mesmo quando as pessoas não respondem eu me sinto feliz. Dar passagem a algum carro que precisa cruzar seu caminho ou a um pedestre que parou no meio da rua esperando a outra pista ficar livre para ele atravessar é bom mesmo quando o carro ou pedestre não percebem que você deu passagem. Nesses casos eu vou embora com a mesma sensação boa que sentiria se eles tivessem atravessado.

A minha intenção era dar bom dia ou dar passagem ao pedestre. A minha maior expectativa com isso era...... dar bom dia ou dar passagem ao pedestre. Por isso eu fico satisfeito. Eu consigo o que eu quero. Eu atinjo meu objetivo. Eu não esperava ouvir um bom dia do outro. Eu não esperava que o pedestre atravessasse. Eu queria ser gentil. E eu fui. Da mesma forma que a gentileza tem esse efeito, doar bens materiais também é assim. As vezes um mendigo pede comida e por coincidência você está comendo algo. E você dá alimento à ele. Se você espera um obrigado e que vá receber algo em troca, a frustração é muito mais provável. Mas se apenas dar o sanduíche ao pobre coitado lhe fizer feliz, você deu e recebeu. Deu um sanduíche e recebeu a satisfação de fazer o bem.

Então, se você está pensando em doar algum dinheiro para o Criança Esperança achando que vai receber fortuna e abundância no futuro, esqueça. Dar um bom dia a alguém esperando um bom dia em retribuição é o caminho mais rápido para a frustração. As pessoas são diferentes, instáveis. Colocar a responsabilidade pela nossa felicidade nas costas dos outros é um erro grotesco assim como assumir a responsabilidade pela felicidade dos outros. Doar sem esperar nada em retorno é bom, pois, qualquer coisa que você receber depois será lucro.

domingo, 15 de agosto de 2010

Sempre na hora que deve ser

Insistimos em querer as coisas que queremos na hora em que queremos. Ficar apegados aos resultados. Presos ao que supomos ser o melhor no momento. Queremos ter controle sobre nossa vida. Eu gosto muito de andar de moto e muitos para quem falei sobre isso responderam de imediato: "ai, eu morro de medo de moto". Claro que pelas estatísticas, sabemos que há um risco em andar de moto. Mas mesmo assim, não tenho medo porque a hora que for para ser, será de um jeito ou de outro. Para exemplificar meu ponto de vista, observem a foto a seguir:
Ok, parece um acidente de transito normal. O carro saiu da estrada onde vemos pessoas ao lado do guardrail. Ele deu "piruetas" e parou virado para o lado oposto ao qual vinha. O que podemos dizer é que o máximo que o motorista controlava era seu veículo. Mas porque ele foi se acidentar bem ali. Também não se sabe a razão de ele estar dirigindo à exata velocidade que permitiu ele parar do jeito que parou. Ele podia ser imprudente e estar muito rápido ou estar devagar e distraido. Detalhes que fogem à nossa compreensão. Para ficar mais claro o que aconteceu, vejam a próxima imagem. 
É um esquema grotesco, mas imagino que o carro desceu o barranquinho, bateu a frente no concreto, a traseira foi lançada para cima, dando uma volta no ar e finalmente parou naquele espaço minúsculo onde o vemos. 
Novamente, ele podia controlar a velocidade do carro, mas não as conseqüências do que viria a seguir. Se ele estivesse a uma velocidade diferente, poderia ter acertado de frente com o muro do esgoto que vemos e ter moído a cara na parede. Não, ele estava na exata velocidade que deveria estar para que a física colocasse o carro onde colocou. 

Eu disse tudo isso até agora para finalmente concluir que por mais que tentemos, não podemos controlar quase nada que nos acontece. Temos controle sobre pequenas coisas como a hora de comer e até observar se o prazo de validade do alimento está em dia, mas a maionese que parecia em perfeitas condições acabou dando uma intoxicação. Como saber? Acho que a última imagem diz tudo que eu queria transmitir.
Damos muitos nomes para o que aconteceu. Deus, Alá, milagre, destino, acaso, sorte, Universo, força maior. Não sabemos exatamente o que é, mas uma certeza podemos ter: não foi HUMANO.

sábado, 14 de agosto de 2010

Você é livre?

Se você perguntar a alguém se ela é uma pessoa livre, a resposta pode ser algo assim: "claro que sou. Eu moro sozinho, tenho um bom emprego, tenho meu carro, posso ir aonde eu quiser, não devo satisfação à ninguém. Sim, eu sou livre." Será? Tem certeza? Se considerarmos que a liberdade NECESSARIAMENTE tem que ser interna, a resposta pode não ser tão clara assim.

Conforme crescemos e a vida vai nos levando aos caminhos naturais como o ensino fundamental, o ensino médio, faculdade, o primeiro emprego e assim por diante, cada vez mais temos a impressão de que somos livres. Ao auferir renda, a sensação de liberdade parece plena, afinal, agora o dinheiro é seu e você não tem mais que pedir à ninguém um trocado para comprar o que deseja. Mas ainda assim, alguma coisa sempre acaba nos restringindo. Algo intrínseco, algo interno e profundo, difícil de descobrir e extremamente sutil de se notar. Joãozinho queria muito comprar um jogo de rodas para seu carro, pois ele adorava o carro e queria deixa-lo mais bonito. Ele trabalhava em multinacional e com um salário muito bom, tinha dinheiro para tal aquisição. E sem perguntar a ninguém, comprou as rodas que tanto queria. Mas apesar de te-las, não conseguia se livrar de uma sensação de culpa, uma coisa que não se sabe de onde vinha, mas tinha a ver com a aprovação dos pais. Eles nunca haviam dito que ele não podia comprar as rodas ou que ficariam muito chateados se ele o fizesse, mas mesmo assim aquela sensação estava ali, espreitando a ilusória liberdade de Joãozinho.

A liberdade não consiste em fazer o que queremos, mas sim, fazer aquilo que nos faz bem desde que não prejudique ninguém. As vezes queremos algo que não necessariamente nos fará bem. Por exemplo, ligar para o ex e acabar deprimida, comprar algo supérfluo e ficar com o sentimento de culpa, como no caso de Joãozinho. A liberdade encontra-se em fazer aquilo que temos vontade, sem prejudicar ninguém e sem entrar em conflito com isso. É respeitar a nossa individualidade (não individualismo), exigir que os outros a respeitem e respeitar a individualidade alheia. É saber que temos direito de sermos tratados como indivíduo único com vontades próprias e ter plena consciência que os outros também tem.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A metade do copo


Diz o ditado que o otimista vê que o copo está metade cheio e o pessimista, metade vazio. Na realidade, o copo estar metade cheio ou metade vazio não é questão de otimismo ou de pessimismo, de ser positivo ou negativo. É mais uma questão de ponto de vista. Já ouviram falar em Pollyana?

Pollyana é um livro escrito por  Eleanor H. Porter que conta a história de Pollyana, uma menina que consegue ver o lado bom de tudo. Melhor que isso. Ela consegue tirar alegria das piores situações que a vida lhe apresenta. A questão não é que ela vê se o copo está metade cheio ou metade vazio. Ela vê que está pela metade e partir daí, ela encontra o que há de bom nisso e fica feliz. Somos acostumados a reclamar, questionar os propósitos divinos, nos vitimar, acreditar que coisas ruins só acontecem conosco. Coisas ruins acontecem com todo mundo. A dimensão que cada um dá é que as difere. Não está em nossas mãos questionar o porquê. Apenas aceitar que estávamos exatamente onde deveríamos estar. Quem nunca ouviu a história da pessoa que dormiu demais, chegou atrasada no aeroporto, perdeu o vôo e o avião caiu. Praticamente, todo acidente aéreo tem uma história dessas. 

As coisas ruins acontecem e são inevitáveis. Se você estiver atrasado para o trabalho e o seu carro não pegar, não adianta quebrar o carro, a porta da garagem, brigar com a mãe, com o marido ou com o cachorro. Apenas aceite que a situação é aquela e pense que não é à toa. Um acidente pode ter sido evitado. Seu chefe poderia estar no ápice da raiva e te demitiria se você estivesse presente na reunião que você perdeu. Sei lá. As possibilidades são infinitas. Um dia, na véspera de natal eu sai com alguns amigos. Deixei o carro perto de um bar que eu costumava freqüentar e conhecia o pessoal da segurança de lá. Só que naquele dia, eu fui a outro bar que ficava ali perto. Ao voltar, ouvi meus amigos falando que o carro prata ainda estava lá. Perguntei o que havia acontecido com o tal carro e minha amiga disse: "ah, o de sempre. Estouraram o vidro e roubaram o som." Eu pensei: ok, legal e perguntei qual era o carro. Eles apontaram para o MEU carro. Eles ficaram indignados com a minha calma, mas o que eu poderia fazer? O som já havia sido roubado mesmo. A janela já estava quebrada. Alguém sugeriu que eu estacionasse o carro mais perto onde eles pudessem ficar de olho. E foi o que eu fiz. Foi a coisa mais sensata a se fazer. Não adiantaria eu me estressar com aquilo. 

A vida é dinâmica e está sempre nos apresentando situações, sejam elas boas ou ruins. Felizes aqueles que conseguem ver algo ruim e tirar algum proveito. O pessimista diria: que droga, meu copo está metade vazio. O otimista diria: que ótimo, meu copo esta metade cheio. Pollyana diria: que bom, meu copo não está cheio mas também não está vazio. Isso me deixa muito feliz, afinal, posso matar a minha sede, mesmo que apenas parcialmente.