sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A natureza, a energia da montanha, a harmonia.

No feriado de 7 de setembro eu decidi fazer algo inusitado. Algo que já fiz antes, mas a muitos anos atrás. Subir o Pico Paraná, ponto mais alto do sul do Brasil, beirando os 1900 metros. O convite partiu de uma amiga a um tempo atrás, mas só agora em setembro que resolvemos partir para a ação. Chamamos outros amigos, fizemos compras, planejamos o passeio e fomos. Foi a melhor experiência de que tenho recordação.


Em primeiro lugar, o contato com a natureza puro e simples já compensaria o passeio. Mas a energia que sentimos pelo caminho e lá no alto não há em nenhum outro lugar. A harmonia que o lugar proporciona é fantástica. Pelo caminho encontramos vários outros montanhistas. Todos se olham nos olhos, todos te cumprimentam, todos lhe desejam uma boa subida. Não há estranhos. Apenas pessoas que você ainda não conheceu. Todos com o mesmo propósito: curtir aquele ambiente que não encontramos na nossa vida diária.


No começo da trilha, temos a impressão de que não seremos capazes. É a nossa mente tentando nos sabotar. O corpo chega ao extremo da capacidade cardiovascular. A gente sente o coração pulsando forte atrás da orelha. Parece que vai explodir. As pernas imploram para descansar. Mas é só a mente te limitando, querendo manter o controle. Logo depois ela percebe que não vai ter jeito e desiste. A sensação é que ela está desligada. Você só sente o seu corpo. Cada milímetro de músculo, cada gota de suor, cada grama da mochila nas costas. É você e seu corpo, juntos naquela aventura.


Acho que a montanha tem um poder filtrante. Tudo que é ruim fica lá para ser purificado. Pelo menos, eu voltei renovado. Voltei com a sensação de fluência em minha vida novamente. Meu quarto, a anos bagunçado, agora está em processo de faxina. Voltei com uma vontade imensa de vê-lo arrumado, organizado. Algumas mágoas foram desfeitas, algumas insatisfações desapareceram. Sinto as coisas caminhando, indo para frente.


Apesar do clima não ter colaborado, fomos agraciados com 15 minutinhos de céu estrelado. Só aqueles minutos valeram o esforço. Agora já estou pensando na próxima ida ao pico para sentir a energia novamente. Beber água da montanha, dormir no chão, tomar chá no frio da noite, ver o céu no coração da Serra do Mar. Tomara que o tempo em outubro esteja bom. Se 15 minutos de céu estrelado já foram recompensadores, imaginem a dádiva que é passar três dias sob a pureza e energia da montanha com tempo bom.